Doenças cardíacas e crianças com síndrome de down: existe relação?

Anormalidades do sistema cardiovascular são comuns na síndrome de down. Aproximadamente metade de todos os bebês nascidos com essa síndrome tem um defeito no coração. Muitos desses defeitos têm sérias implicações para a saúde. Por isso, é importante entendê-los e como eles podem afetar a criança, para que seja fornecido tratamento médico adequado. A síndrome de down continua sendo a anormalidade cromossômica mais comum em bebês nascidos vivos no mundo de hoje. A associação entre a síndrome e a doença cardíaca congênita é bem conhecida. É amplamente reconhecido que a doença do coração contribui significativamente para a morbidade de crianças com síndrome de down. A incidência de óbitos relatada está entre 40% e 60%.

Quais são as doenças cardíacas mais comuns em crianças com síndrome de down?

O quadro mais comumente descrito é o do septo atrioventricular total, que compreende 30% a 40% de todos os defeitos cardíacos. Fatores genéticos complexos estão envolvidos. Recomenda-se a triagem cardíaca de rotina de todos os recém-nascidos com síndrome de down. Outros defeitos comuns são o do septo ventricular, o canal arterial persistente e a tetralogia de fallot. Um defeito septal atrioventricular é causado por uma falha do tecido em se unir ao coração durante a vida embrionária. Isso resulta em uma grande abertura no centro do coração, geralmente com um orifício entre as duas câmaras de bombeamento (um defeito do septo ventricular) e entre as duas câmaras de coleta (um defeito do septo atrial). Tem existem anormalidades das duas válvulas atrioventriculares, as válvulas mitral e tricúspide. Nas crianças com síndrome de down que nascem com cardiopatia congênita, o defeito do septo atrioventricular é o mais comum. Em casos menos graves, os defeitos septais ventriculares e os defeitos septais atriais também podem ocorrer separadamente.

O que é o canal persistente arterioso?

O canal arterial é um canal entre a artéria pulmonar e a aorta. Durante a vida fetal, ele desvia o sangue dos pulmões porque o sangue pré-natal já é oxigenado na mãe. Após o nascimento, esse canal geralmente se fecha no primeiro dia de vida. Se não se fechar, é denominado “persistente” e resulta em um aumento do fluxo de sangue para os pulmões.

O que é a tetralogia de fallot?

Este é um termo dado a uma condição cardíaca composta por quatro anormalidades:

• defeito do septo ventricular;
• estreitamento da passagem do ventrículo direito para os pulmões;
• ventrículo direito excessivamente aumentado por causa do backup de sangue;
• aorta excessivamente aumentada, que transporta sangue do ventrículo esquerdo para o corpo.

Qual é a relação entre os defeitos cardíacos com o sistema respiratório?

Os pulmões de crianças com síndrome de down não se desenvolvem tão completamente quanto os da população em geral. Consequentemente, o crescimento dos vasos sanguíneos ao longo dos pulmões é limitado. As artérias estreitadas dos pulmões têm potencial para consequências duradouras, devido ao aumento da pressão e do fluxo de sangue pelos pulmões. Algumas crianças com síndrome de down e grandes defeitos cardíacos apresentarão insuficiência cardíaca, dificuldade em respirar e incapacidade de prosperar no período recém-nascido. No entanto, em algumas crianças o defeito pode não ser aparente à primeira vista. Por isso, é importante que todas aquelas nascidas com a síndrome, mesmo as que não apresentam sintomas de doenças cardíacas, tenham um ecocardiograma nos primeiros dois ou três meses de vida. Algumas condições cardíacas também são identificadas durante a ecografia pré-natal.

Qual é o tratamento recomendado neste caso?

Recomenda-se uma cirurgia para corrigir as doenças cardíacas, a qual deve ser realizada antes dos cinco ou seis meses de idade, para se evitar danos aos pulmões. Uma cirurgia bem-sucedida permitirá que muitas das crianças que nasçam com problemas cardíacos prosperem. Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder os seus comentários sobre esse assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como cardiologista em Paracambi!